segunda-feira, 5 de julho de 2010

SAUDADE...


Saudade são esses pedaços de antiga melancolia; nostalgia chuvosa das árvores de outono frio. São quimeras sonhadas nas noites de solidão, na tristonha fumaça dos cigarros abandonados, no fundo dos copos vazios. São lembranças daquilo que nunca foi, realidades pretensamente vividas, histórias inacabadas de amor e morte e ressurreição.
Saudade é teimosia do que não pode ser, é falta do que não é possível, é canção instrumental, é agônica distância. É um pensamento repetido e gasto, um lugar vazio, as ondas quebradas na praia escura e só. Saudade.
A saudade conta as lendas que não existem; fala de caminhos não percorridos, de batalhas perdidas e vivências truncadas. E nessas lendas, nesses caminhos, nessas batalhas, nesse espaço vácuo de dolorosa imensidão, vive a melhor parte de nós; o sentimento nu, a emoção crua, a verdade calada, a coragem desnecessária.
A saudade é uma quieta pedra solitária, plantada nos mares da alma. A saudade torna o espírito viajante; cria terras ermas e as povoa com a vida dos sonhos e a música das palavras tristes.
A saudade… a saudade sou eu, lá fora, sob a chuva.


Extraído

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