segunda-feira, 27 de setembro de 2010

MEU DESABAFO 3- CORDÃO UMBILICAL


Desde que somos gerados no ventre materno, somos alimentados pelo cordão umbilical. Este cordão que nos alimenta, é uma total dependência; dependemos dele, deste cordão consiste nossa sobrevivência no utero materno. Mas no memento do nascimento, este cordão é rompido, cortado. Mas isto não significa que deixamos de depender de nossos pais, principalmente de nossas mães.
Mas em determinado momento de nossas vidas, nos tornamos independentes, ou pelo menos é o que deveria acontecer. Não que deixemos de precisar um dos outros, mas devemos assumir de certa forma uma independência não só física, financeira, social, profissional mas também uma independência mental, ou seja, assumir-mos de fato o controle de nossas vidas.
Mas é engraçado como as vezes não queremos ter este cordão umbilical (mental) cortado. Ou por traumas pelo quais passamos, ou violência, ou até mesmo excesso de zelo dos pais, que por vezes, sempre querendo o melhor para os filhos, os tornam eternos dependentes, como que se ainda tivéssemos preso a este cordão, me refiro a um cordão imaginário, que muito nos faz mal. 
Foi tentando fugir de algumas mazelas de meu passado e romper de vez este cordão, que parti de Belo Horizonte MG, onde residia, e fui para a cidade de Ji-Paraná RO. Mera e frustante tentativa, pois saí arrastando este cordão pelo chão procurando alguém a quem pudesse prende-lo. 
Tentei encontrar a libertação de meus vícios e alguém para que pudesse ter de novo meu sujo e maltrapilho cordão umbilical preso novamente na igreja e em pastores. Buscando conselhos e fazendo perguntas por vezes completamente desnecessárias, numa busca frenética por atenção e mais do que isto, inteira e absoluta dependência. 
Ledo engano. Prender-me a homens, pastores que assim como eu, são donos de meias verdades e meias mentiras(ou inteiras mentiras). Pessoas na qual eu em vão, tentava encontrar um modelo de homem ou super-homem para poder não só me ajudar, mas se tornar pra mim um modelo a ser seguido, um referencial para que eu me torna-se uma cópia fiel, fosse o fiel escudeiro enfim, não deu  certo. 
Parti da cidade em que eu estava para uma vizinha, internei-me num centro de recuperação para dependentes químicos. Não demorou muito, minha esposa e filhos mudaram-se para esta cidade, enfim era um novo recomeço, uma nova chance. Mas eu ainda sem saber o que buscar, ou mesmo sabendo não queria uma mudança de fato, fui de novo tateando e buscando uma nova moradia para meu cordão, estava eu de novo não só tornando-me totalmente dependente e fazendo com que esta dependência se torna-se extremamente sufocante e desgastante para meu modelo de homem, super-homem, meu modelo de caráter. 
De novo estava acontecendo, e agora com uma intensidade nunca vivida. E de novo apesar de todo esforço deste meu modelo de super-homem, as coisas não deram certo. Não acontecera como das outras vezes, das outras fui jogado, empurrado de um lado para o outro. Com este não, este tentou a todo custo ajudar a me encontrar, não a ser uma mera cópia, mas como somos donos de meias verdades, e era só isto que eu procurava, falhamos mutuamente, erramos um com o outro e tive de novo de romper bruscamente meu cordão. E nossa, como foi doloroso para ambas as partes. pois havíamos nos tornado não só mestre e discípulo, professor e aluno, havíamos nos tornado amigos, mais que isto, cúmplices.
Retornei para Belo Horizonte e a todo custo ainda tentava manter-me preso a ele e ele a mim, através de exaustivas e até agressivas mensagens trocadas via celular. Mas enfim, desta vez entendi algo com esta perca. Estava e sempre estive buscando no lugar errado. Nós homens somos todos donos de meias verdades, agora vejo isto com mais clareza. Vi que o que eu buscava, jamais encontraria em homens, ou encontraria sim, pois eu só buscava meias verdades para saciar minha fome, e aliviar minhas meias mentiras. 
Com isto consegui ver o que já deveria ter visto há muito tempo! Meu cordão umbilical deve estar ligado em Cristo, no Logos, na Palavra, na Verdade por inteiro, a absoluta Verdade em que não há espaço para meias mentiras. 
Enfim, agora com meu cordão umbilical preso ao Logos, vou me reestruturar para poder zelar de minha família sendo um referencial para meus filhos e zelar de minha esposa como um esposo deve zelar, com amor, carinho e um pressente especial que Deus me deu. Minha esposa, o melhor presente que Deus me deu.
Mas sempre uma coisa levarei comigo e passarei a meus filhos: Somos donos apenas de meias verdades, e devemos nos ater em Cristo como modelo, e é em Cristo que deve estar ligado nosso cordão umbilical. "E conhecereis a Verdade e a Verdade vos libertará."

Anderson Luiz de Souza

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